sábado, 28 de setembro de 2013

A maldição da primeira versão

Muitas pessoas sobreviveram à revisão do conto fantástico nas aulas do sexto ano. Mas a revisão sempre volta para matar outros tantos sentidos e sem sentidos do texto.
Eu sou C. e vou contar uma história para vocês. Eu tinha uma dupla na classe para fazer meu trabalho. Mas nossa convivência foi difícil. Logo na primeira oficina de escrita nos separamos. Minha dupla, ex-parceiro para todo sempre, se virou como pode. Parece até que seu conto recebeu elogios quando foi publicado no blog.
Quanto a mim, antes de entregar meu fantástico conto à professora, falei baixinho: - Não está legal. Ela entendeu que eu não estava legal, arrancou o conto da minha mão e disse que eu devia ver a Rô.
Fui. Quando voltei, ela estava lá, lendo meu texto. Chamou-me para a revisão. Sentou-se no computador a meu lado e começou a sangria. De cara ela cortou a cabeça do conto: toda a cena inicial fora arrancada. Como é que minhas ideias se manteriam de pé com esse golpe capital?

Slenderman, A Real Aparição

Muitas pessoas sobreviveram ao ataque do slenderman,mas ele volta para matá-las.Eu sou C. e vou contar uma historia para vocês.a

Depois disso, ela deu uma risada meio rouca e começou a escrever uma nova história:

“HÁ muito tempo tinha um homem chamado Thomas. Ele tinha uma filha chamada Jessica. Em um dia muito bom para brincar, Jessica FOI com seu amigo fora de casa. Estava escurecendo e Thomas resolveu ir buscá-la. Ficava A cinco minutos da casa dele. CHEGANDO LÁ os pais de seu amigo FALARAM que ela tinha ido para a floresta sozinha. Ele não se conformava que ela tinha ido sozinha e resolveu ir à floresta. De repente Thomas começou a se sentir maL, enjoado, com vontade de vomitar. Começou a ouvir zumbidos E viu sombraS atrás da ÁrvoreS. ELE era alto e magro, estava de terno, sua face... esse era o seu problema, ele não tinha face”.

Daí a professora parou. E disse, como ela faz todo dia: “o problema, sim, se não há um problema, um conflito, não há história”. Olhou pra mim, fez uma careta e continuou: “Um homem não tem face e o outro usa terno. O que isso quer dizer?”
Ora, diga-me você o que isso quer dizer! Eu nem estou escrevendo sobre isso! Isso é o que eu queria ter dito a ela, mas nenhuma palavra saiu de minha boca, só meu olhar agia mostrando-lhe meu estado de confusão.
Foi aí que aconteceu algo muito estranho. Acho que ela leu meus pensamentos. Foi isso, ou como ela poderia ter respondido naquele tom oracular:
- Ninguém controla o que escreve... Seu conflito é entre um homem bem vestido e um homem sem face.
E eu só pensava em Thomas... O pai... Ele viu as roupas de Jessica em sua mão esquerda. O homem sem face! Thomas tinha ido à delegacia para dar o depoimento DO que ele tinha visto. Thomas não conseguia dormir e nem viver sem sua filha.
Algo suspeito saiu atrás da porta onde Thomas, eu e a professora de português estávamos. Tiros foram ouvidos e a gente levou um baita susto... Mas era só o conto do colega ao lado. A professora pedia que nós deixássemos de lado a guerra e os nossos heróis invencíveis, que escrevêssemos como se confessássemos um segredo da alma, escolhendo bem as palavras, sem derramar lágrimas ou sangue, dizendo somente o preciso.
E eu pensava em Slenderman, o homem sem face. Ele entraria a qualquer momento porta adentro e a professora desejava boa reescrita. Cuidado, que o Slenderman pode estar na sua escola.

FIM 

(por Carlos e Louise Otero)


3 comentários:

  1. ficou muito bom!!
    achei que ficou meio confuso, mas depois que prestei mais atenção entendi.
    Pedro Nuñez

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  2. Muito bom texto eu gostei muito =D

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  3. Os dois textos ficaram ótimos e bem resumidos a realidade.Pra mim tem chance de trabalhar como escritora GABRIEL 6ºA

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Este blog é mantido pelos alunos do sexto ano da Escola Projeto Vida, sob coordenação da área de Língua Portuguesa. A manutenção do blog e a divulgação dos textos dos alunos visa a promover o uso racional das tecnologias de informação, a ampliar o público leitor dos textos produzidos na escola, e a tematizar a importância da comunicação escrita e da revisão linguística na divulgação de textos escritos.